11 de maio de 2003



CINZAS E DIAMANTES - URGENTE


Nei Duclós
(nei@consciencia.org)


Escrevo sobre a obra-prima de Andrzej Wadja no domingo (11) à noite, depois de assistir esse filme no Cinesesc. Há mais uma chance amanhã, segunda-feira, dia 12, às 19 horas. Fui conduzido para a seção de hoje pelas mãos enciclopédicas e obstinadas do meu amigo Luiz Carlos Merten, crítico de cinema do Estadão. Merten é um fenômeno de difusão cultural. Seu trabalho vem de longe, dos anos 60, quando surgiu no caldo de uma cidade (Porto Alegre) cheia de cinemas e de autores de textos primorosos sobre cinema, que eram publicados diariamente na imprensa local. Helio Nascimento e Goida eram alguns que se destacavam e Merten faz parte dessa linhagem de jornalistas destinados ao cinema e que nos deslumbram com seus conhecimentos.
Mas não é só isso. Merten hoje é uma âncora cultural: suas referências, seus paradigmas estão solidamente instalados num vasto acervo de grandes cineastas e respectivas obras-primas. Basta Merten se referir a um deles para nos sentirmos convocados, de maneira decidida e suave (pois não há pessoa mais gentil do que o nosso Merten) para irmos ao cinema.
Foi assim com Cinzas e Diamantes. Filme de 1958, em preto e branco, com legendas em espanhol, é uma avassaladora obra-prima, mãe de muitas outras. Podemos ver nela a luz que iluminou Fellini (especialmente em Oito e Meio), a força visual e dramática que jogou Glauber Rocha no meio das pedras do sertão e do lixo urbano, a inspiração de Costa-Gravas em Missing (a sombra dos tanques projetadas no muro em meio à noite sinistra) etc.É um filme como poucos, de uma clareza brutal, de uma complexidade reveladora, de uma solidez incomparável e de uma honestidade a toda prova.
Não perder é a palavra de ordem.

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