9 de setembro de 2003

SUCESSO EM 2.103!

SUCESSO EM 2.103!

O lançamento internacional desta coluna obteve recorde de audiência ontem: meus dez leitores multiplicaram-se por quatro, o que significa que temos chance de cravar um mega-sucesso nos próximos, digamos, cem anos. Já é alguma coisa. Começo com uma mensagem que enviei ontem para o novo partido, que promete ser de esquerda.


NOVO PARTIDO - Faço votos que o novo partido, que está sendo criado por pessoas que foram excluídas, não caia no mesmo erro e aposte fundo na inclusão.
- Inclusão significa abrir mão das figurinhas carimbadas, deixar de ser o mais iguais dos iguais, não usar o socialismo como ponte de ascensão política e social.
- Exclusão quer dizer tapar os ouvidos para a diversidade de opiniões, dar as costas ao mínimo de bom senso, aprofundar o fosso entre política e cidadania.
- Incluir significa sortear candidatos para as próximas eleições, e fazer com que os principais organizadores do partido entrem no sorteio democraticamente.
- Incluir significa olhar os outros sem preconceitos, não enquadrá-los na retórica pseudo esquerdista de que todos são reacionários e só os amigos é que não são.
- Incluir significa prestar atenção às pequenas lutas, como o preço do pão, o horror das cadeias, o descaso com o espaço público, a mentira política.
- Incluir significa abdicar da tese da vanguarda da massa, os esclarecidos que tudo sabem. Hoje o conhecimento está disseminado e todos se equivalem em opinião e sabedoria. Que não haja a arrogância comum dos partidos que partem sempre para o caciquismo.
- Lutar contra significa não abraçar-se com o inimigo, não se confundir com ele, como aconteceu com o PT. Lutar contra é abrir mão de tudo o que o poder significa e procurar, na diversidade e na tolerância, um caminho realmente novo.
- Fundar um partido significa perder a auto-importância e abraçar a causa comum.

LEADS GENIAIS - A não ser que você seja o Nirlando Beirão, jamais comece seu lead com uma frase sem verbo. Por exemplo: “Um passo à frente. Este foi o resultado...” Só o chamado puta-texto (figura que está sumida das redações) poderá ser eficiente nesse tipo de abertura. Como o próprio Nirlando, com seu clássico “De repente, um tombo”, numa antológica matéria sobre o Pietro Maria Bardi.
Meus leads prediletos são os seguintes:
Marx (o rei do lead) no 18 Brumário – “Hegel observa numa das suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”
Kafka em Metamorfose: “Numa manhã, ao despertar de sonhos inquietantes, Gregório Samsa deu por si na cama transformado num gigantesco inseto.”
Gabriel Garcia Márquez em Crônica de Uma Morte Anunciada (o título mais usado da imprensa brasileira) : “El día que lo iban a matar, Santiago Nasar se levantó a las 5.30 de la mañana...”

Quem me conhece, já sabe. Meu melhor lead foi para um texto sobre o Cyborg , na TV Guia, da Abril: “Todo mundo tem seu lado humano. O de Cyborg é o esquerdo”.
Vejam vocês que, no meu lead favorito, a primeira frase contém verbo. Não sou louco.

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