3 de abril de 2004

UM ESCRITOR AGRADECIDO


Nunca vou poder agradecer o suficiente a presença de tantos amigos e amigas no meu lançamento de Universo Baldio. Esta edição é dedicada aos que foram lá me dar um abraço. Jovens escritores, colegas de trabalho atuais e antigos, pessoas queridas em geral transformaram o evento num momento único. Agora, o livro aguarda o retorno dos contemporâneos.

FOTÓGRAFOS - Mesmo com uma megaexposição de fotos marcada para o mesmo dia e hora na estação Paraíso do Metrô – o que deixou o cabo Adão nervoso, mas o ínclito militar estava sob controle – vários artistas visuais foram lá me prestigiar. Revi, depois de muitos meses, nosso genial Marcelo Min, animado como sempre, que está dando banho no seu novo site, www.fotogarrafa.com.br, focando o povo que ama, o brasileiro, narrrando para nós, mortais, o rosto da inocência e esperança das pessoas apesar da escassez social e econômica. Tive também a oportunidade de conhecer pessoalmente Regina Agrella, a cronista da cidade de São Paulo, que ela torna encantada com seus instantâneos fulminantes, fruto de sua intensa elaboração poética. Ao seu lado, Mr. Hélcio Toth, o meninão eterno, artista de primeiro time, capaz de nos surpreender sempre com suas sacadas, que ele enxerga como ninguém, andando na sua magrela por toda a cidade. Depois, Luiz Machado, muito entusiasmado, e Maurício Paiva, todos grandes fotógrafos. Faltou alguém? Se faltou, desculpem. Para muitas pessoas queridas não enviei convite, por absoluta desorganização minha e intensidade de trabalho que precedeu o lançamento – onde, na W11, nos dedicamos a produzir dezenas de belos livros, que já estão brilhando nas livrarias e vão inundar a Bienal que começa dia 15 de abril.

AUTORES - Lá estava Fabio Murakawa sob a pele de Gim Tones, acompanhado de todos os seus personagens. Diranise, Adelino, Gustavo, Magali, o Homem que não tomava banho etc. Vieram todos conhecer o gauchão Honório de Lemos, que assombra meu romance a partir do Segundo tempo. Veio me dar um abraço, trazido pelo seu amigo, meu filho Miguel, o talentoso Tony Monti, que, claro, foi apresentado a Gim Tones, um encontro histórico da literatura brasileira. Recebi o abraço de Nirlando Beirão, o chamado “puta texto”, jornalista de inúmeros projetos e presença constante no que de melhor há no jornalismo brasileiro – e um talento para a literatura que demora a chegar no livro. E vários futuros autores, gente que batalha na imprensa e que se dedica à linguagem diariamente: Mônica Serrano, Alexandre Paiva (quando sai seu livro sobre memórias da rádio?), e o amigo Bartolomei (que ligou dizendo que não poderia ir, mas foi com vencido por mim a comparecer), entre tantos outros. E teve a presença do casal Zé Gomes e Vera Vassouras, ela advogada hoje empenhada em intensa campanha a favor da ética pela Internet, ele o maior compositor do Brasil, o cara que revolucionou a música brasileira em 1958, com seus seminais arranjos, composições e voz no disco Os Gaudérios, obrigatório sob todos os aspectos, e que hoje tem inúmeros projetos, com cds guardados à espera da sensibilidade dos patrocinadores. Zé Gomes me foi apresentado, quando eu tinha 14 anos, pelo meu irmão Elo (que veio de Floripa especialmente para o evento), que me levou o disco para casa, deslumbrando toda a família. Zé me deu a honra de musicar dois poemas meus, Minuano e No Mar, Veremos, que deixaram Hélcio Toth de queixo caído quando veio aqui numa rara visita à minha casa. Zé também bateu intenso papo comigo depois do lançamento, falando sobre a vocação revolucionária dos músicos, que hoje está bastante abandonada.

COLEGAS - Na primeira hora, estavam lá Daniel Del Fiore e Luana, chegando mais tarde Regina Knoll (que trouxe uma encomenda: um livro a ser autografado para o fotógrafo Raffaele Sgueglia, patrimônio da Fiesp), Luiz de Moraes (que está fazendo maravilhas na paginação de livros como free-lance da W11), Cibele, Roseli, Claudia Mondim, Joyce Leal, todos e todas colegas meus da Fiesp, onde trabalhei por dez anos e fiz inúmeras amizades. Vieram também Daniela Bárbara, jornalista, Luiz Fellipe Ferlauto, amigo do Elo e meu amigo, acompanhado com seu filho; e mais o grande Rodrigo, o rbp do Gulib, e muito mais gente. Como Guilherme Loureiro, que já trabalhava em editoras na época que eu era editor da seção de livros da revistas Senhor e nunca esqueceu a força que eu dava para os livros que ele divulgava. Como já citei, em edição anterior, os parentes (e destaco Daniel, o talentoso daniduc, que fez belas fotos e veio junto com a querida esposa, Carla, também bamba em informática, Miguel, filósofo formado em 2003 pela USP, minha esposa Ida e, de longe, a nova moradora de Búzios, minha filha Juliana, que estava envolvida no fechamento, todos leitores de primeira hora) e a equipe da W11, fico por enquanto por aqui. Mais livros virão. Já tenho pronto meu quinto livro (o quarto de poesia). Vamos em frente.


RETORNO - 1. A primeira manifestação é esta: "Caro Nei, Foi um prazer conhecê-lo pessoalmente depois de tantas histórias contadas pelo Marcelo Min e por você mesmo no blog. Depois da Fnac, o Min pediu que guardasse o seu livro na minha mochila e é claro que antecipei que o leria antes, e foi o que aconteceu. O seu universo baldio foi devorado (ou degustado?) pelo leitor vadio. Bem, você pediu que o adjetivo fosse, no mínimo, 'maravilhoso', então é isso aí. As duas partes causaram impressões diferentes com seus estilos diversos. Como diziam, continue forte e sacudido, abs Douglas Kim." Obrigado Douglas. Minha boutade "só aceito de maravilhoso para cima" é puro medo de romancista estreante. E um apelo à generosidade dos leitores.

2. Para que todos cantem uma obra-prima (que está no disco Axé, de Candeia):
Ao povo em forma de arte (Wilson Moreira / Nei Lopes)
Quilombo
Pesquisou suas raízes
E os momentos mais felizes
De uma raça singular
E veio
Para mostrar essa pesquisa
Na ocasião precisa
Em forma de arte popular

Há mais ... (há mais)
De 40 mil anos atrás
A arte negra já resplandecia
Mais tarde a Etiópia Milenar
Sua cultura até o Egito estendia

Daí o legendário Mundo Grego
A todo negro de etíope chamou
Depois vieram reinos suntuosos
De nível cultural superior (vai comigo, vai comigo)
Que hoje são lembranças de um passado
Que a força da Missão exterminou (2x)

Em toda a cultura nacional
Na arte, e até mesmo
Na ciência
O modo africano de viver
Exerceu grande influência

O negro brasileiro
Apesar de tempos infelizes
Lutou, viveu, morreu e se integrou
Sem abandonar suas raízes

Por isso, o Quilombo respira
Devolvendo em seu estandarte
A história das suas origens
Ao povo em forma de arte.

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