13 de maio de 2004

O FLAGRANTE E O RETROCESSO

Flagrado na sua verdadeira função - o de testa de ferro da ditadura civil - Lula tenta se mexer e fala em liberar verba para estradas, entre outras ações óbvias que demoram. No outro lado da corda, a alegria tucana com a candidatura Serra demonstra o quanto somos atrasados politicamente, já que a desgraça do país é motivo de celebração. A proposta deveria ser: remuneração zero para todos os cargos políticos.

PERSONAGEM - Sob o título de "É duro ser personagem", o jornalista Virson Holderbaum me envia a seguinte mensagem: "Nei. Li Universo Baldio correndo, com a emoção aos pulos, acho que li em duas ou três horas. Não é mole ser personagem de livro. E de uma história de mais de trinta anos que ainda continua. Pura emoção. Mas me acalmei e parti pra segunda leitura, agora mais devagar, me demorando nos detalhes, nas pequenas lembranças, nas tiradas. Universo Baldio não é só resgate do que parecia perdido, nos repõe em movimento, reacende, reativa conexões, mexe com a paralisia, com todos nós, sepultados pela rotina dos convencionalismos. E que mexida maior do que ser ver personagem de um livro que, desconfio, inaugura uma nova maneira de escrever sobre si e os outros, uma espécie de "nouveau roman" autobiográfico, sem falsas contemplações com nostalgias e velhos tempos. Velhos e ainda jovens, e ainda dando porrada na porta das indiferenças. P.S.: O livro atualmente tá emprestado, estou esperando a devolução para uma releitura na segunda parte. Já falei pra galera: vão comprar! Um abração. Virson."

EXPULSÃO - Nos comentários - agradeço a tantos que enviaram sua opinião - vejo que, primeiro, ninguém fala nada sobre o que eu chamo de ditadura civil, de que estamos navegando desde Sarney no vasto engano de uma falsa democracia. Segundo, que se fala em gesto de soberania na expulsão do americano (casado com brasileira). Ditadura civil será o tema de um artigo que vou escrever para uma revista cultural virtual alemã, que tem um editor muito interessado no que disse aqui no blog sobre o assunto. Não existe soberania num país sem moeda e que está totalmente encarregado de pagar os juros da dívida externa. Não é censurando a imprensa que vai se recuperar a soberania. Acho muito mais grave colocar mulatas rebolando num evento brasileiro no exterior para nos identificar do que suportar as bobagens da matéria do NYT. Outra idéia é que Lula teria o direito de beber (se for verdade o que diz a reportagem, o que não foi apurado) o que quiser. Não poderia. É presidente. Foi eleito apra resolver, não para festejar. Deveria ter medo de aparentar tanta felicidade, enquanto o país afunda nos seus braços. O artigo de Brizola hoje nos jornais mata a pau sobre o evento NYT. É esclarecedor. E os de Mangabeira Unger, todas as terças na Folha, aprofunda a necessária retomada do trabalhismo, que seria a solução para o imbroglio onde nos metemos. Desde que o PDT deixe de apostar em pessoas erradas e acredite nos seus verdadeiros quadros.

RETORNO - Moacir Japiassu escreve na sua festejada coluna no Comunique-se: "Depois de devolvido ao convívio social, meu secretário atracou-se com outro lançamento da Bienal, este da Editora W11/Francis: Universo Baldio, primeiro romance do festejado poeta Nei Duclós. Quem sofreu desencantos e perseguições com o golpe de 1964 e esvaiu um pedaço da juventude em angustioso fumacê, certamente se reencontrará naquelas páginas recheadas de versos, tanta é a perfeição das frases."

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