21 de setembro de 2005

MUITO BOA A SUA PERGUNTA



Toda vez que elogiam uma pergunta, esteja certo: é ali que o assunto pega fogo, portanto ela não será respondida. O elogio substitui a resposta, ou apenas serve para desarmar o entrevistador para que nada seja respondido.

É o que fez um dia Romário contra o goleiro do Madureira. O cara pegava todas, o grande craque foi lá e apertou a mão dele. Fez o gol no minuto seguinte. O elogio é uma armadilha e como não há nada mais oposto ao indivíduo do que a existência do Outro, traz invariavelmente embutido um esculacho.

Você que é um grande poeta, me responda: por que esse verso seu não faz sentido? Como você está diferente, parabéns. Quando te conheci você passava pelo buraco de uma agulha. Sua pergunta é muito boa. Não é por nada que você é o maior jornalista de Conceição do Mato Dentro. Minha empregada tem gostado muito dos seus textos. Você queria me conhecer? Mas você é o famoso quem?

É por isso que fujo de eventos. Ultimamente, tenho dito a verdade. E, seguindo uma tendência que cresce com a idade, derrubo os copos na hora de apertar a mão de alguém. Prefiro espantar as corujas do alto do muro. Pelo menos elas voam e não quebram ao cair no chão.

RETORNO - Ricardo Peró Job me enviará exemplares da revista Fronteira Livre e do livro A terra dos longos olhares (Editora Holoedro), organizada por Lucia Silva e Silva e que reúne o talento de muitos uruguaianenses. Virson Holderbaum volta de viagem e dá sinal via e-mail. Tabajara Ruas me liga para acertarmos a conclusão de mais uma parceria literária.

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