22 de dezembro de 2005

QUEM É O PODER?





O poder é aquele que manda matar. Os que eliminaram o prefeito Celso Daniel, mais todas as testemunhas importantes e ainda de lambuja, o médico legista que enxergou o que não deveria, são os que esfregam o poder na cara da imprensa, da Justiça e da opinião pública. Vi esses dias um técnico do Ibama dando entrevista sobre a extração e o comércio ilegal de madeira na Amazônia: ele olhava para baixo, pois sabe que se falar demais mandam matá-lo. Nas periferias, o tráfico manda porque pode acabar com qualquer um. Nos grotões, a palavra final é de quem tem o trabuco na mão. Não se trata do delinqüente que assalta para roubar, mas sim quem exerce o poder via criminalização da política e dos negócios. Eles tem o país na mão. Podem estar nos cargos públicos, nas corporações, no sistema financeiro, nas empreiteiras. Eles são o poder. E todo mundo caga miudinho diante deles.

MISTURA - É por isso que foi criada a cultura revolucionária, a que prega a luta armada para se contrapor a esse poder. Só que na atual fase do campeonato, essa cultura acabou se misturando com a bandidagem. Quando os militantes da guerrilha deram a dica para os presos na Ilha Grande nos anos 60 e 70, a idéia de Revolução via tomada violenta do poder abraçou-se aos assaltos comuns. Hoje tudo virou uma coisa só. Quem paga o pato é a população inerme (desarmada), vítima que pode ser comparada a um cachorro deitado sobre um jogo de xadrez cada vez mais complicado.

IMPRENSA - Tenho recebido retornos gratificantes. Mestre Moacir Japiassu faz, na sua obrigatória coluna no Comunique-se, elogiosa referência ao Outubro. A poesia de Talis Andrade visita o Diário da Fonte e costuma conversar comigo, também no Comunique-se, com a gentileza e a grandeza dos poetas. Eduardo Frizzo me envia seu livro inédito agradecendo a atenção que dediquei aos seus trabalhos já faz mais de ano. Daniel Luna pede licença, concedida, claro, de enviar seus poemas. Helcio Toth elogia o visual de Outubro, que está agora em nova fase, ilustrado. Marconi cita o DF como exemplo de jornalismo brasileiro com cara e coragem. Virson Holderbaum, o memorialista oculto, exige que o DF saia na mídia impressa, o que é alto elogio vindo de jornalista veterano que palmilha a profissão por décadas. Raquel, Regina Agrella,Fernando Soares Campos (colaborador o La Insignia), Marlon Assef e José Pires sempre dão sua valiosa contribuição nos comentários, que é o espaço nobre do DF. No blog do Noblat, faço campanha para que os comentaristas se identifiquem, pois se a cidadania se expressa por pseudônimos, então não existe oposição. E assim nos dirigimos para o final de ano e, naturalmente, para o celebrado ranking do DF. Vamos aguardar que o conselho está em reflexão. Enquanto isso, Urariano Motta destaca-se como o grande jornalista cultural do ano ao mergulhar em assuntos pontuais ou resgatados, como foi o caso do antológico texto sobre a imprensa alternativa da periferia do Recife, e analisando fatos candentes com sua costura de romancista maior. Tudo no La Insignia (link ao lado), espaço que Urariano escolheu para nos brindar com seus textos.

RETORNO - 1. Foto antológica de Hélcio Toth, o artista que as galerias deveriam convidar diariamente para expor seus trabalhos. Se você tomar um chope com Hélcio, será tratado como irmão, ou seja, ele é implicante o tempo todo. Mas se você olhar para as fotos que faz, então você fica em profundo silêncio reflexivo, ou salta da cadeira como Buñuel diante de Antônio das Mortes. 2. Aviso aos navegantes: meu e-mail nei@consciencia.org está com problemas de envio e recepção. Quem quiser me enviar mensagens, pode usar outros dois endereços: nei.duclos@diario.com.br ou nei@empreendedor.com.br

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