2 de dezembro de 2007

BOLA PARA O MATO


A isso fomos reduzidos: à vibração intensa num jogo que decide os últimos lugares do campeonato. Foi-se aquelas finais esplendorosas, em que os melhores times se digladiavam pelo título. Ficou a carcaça desse rito: o podre e vazio espetáculo comandado pela cartolagem corrupta e o monopólio da comunicação. Ludibriaram a massa depois de entregar o patrimônio corintiano para os estrangeiros. A máfia usou o clube para lavar dinheiro. Inventou ídolos de barro, como Tosco Tevez. E ao jogar o Corinthians no lixo, celebram as ressurreições momentâneas dos times do Rio em reportagens marketeiras recorrentes.

São Paulo foi campeão jogando contra o lanterna América. Veja que inversão de valores. Um campeão jogo com um adversário à altura, nos minutos finais do campeonato. É a chave de ouro e não essa situação esdrúxula em que um time minimamente organizado consegue o título com 15 pontos à frente do seu adversário mais próximo. Os pontos corridos devem valer, mas sem essa hegemonia absoluta. Deveria existir um meio termo, uma classificação para a grande rodada final, com vantagens para quem ganhou mais pontos. Isso daria mais chances aos intermediários, que assim não ficariam disputando vagas para torneios fajutos, como a Copa Sul Americana.

É como se na Copa do Mundo o campeão fosse para casa mais cedo e a torcida ficasse em peso para ver quem ficaria em último lugar. Não tem sentido, está tudo errado. E o Brasil não suporta mais exportar craques para países cada vez menos qualificados. Levam até garotos em idade pré-escolar. Expropriaram a nação de mais um recurso. E o Pato, o grande craque emergente do Internacional? No lugar de estar conosco, está no Milan, foi para lá com menos de 18 anos.

Ficamos à mercê dos pernas de pau. Porque isso são os jogares em campo no Brasil hoje: uns pobre pernas de pau, rescaldo de safras sucessivas de craques que foram vendidos, com os recursos caindo na mão dos espertalhões. Nada para os estádios, que caem de podre. É de matar a cena do governador da Bahia indo ver o estádio da Fonte Nova depois do desastre. Ora, catem-se, autoridades. O que é isso? Se havia um laudo dizendo que o troço ia despencar, por que não deram bola? Porque isso “é bom pacarai não acaba nunca”. São os energúmenos no poder, os últimos da classe, os analfabetos grossos, os animais, os anti tudo, ou os dândis letrados, tudo a mesma corja.

O estádio da Fonte Nova foi, claro, construído nos anos 50. Nos 70, em plena ditadura, fizeram um monstrengo aumentando a capacidade do estádio e depois deixaram tudo lá. Aí cai, mata um monte de gente e vão os engravatados da mídia e dos poderes fazer cara de boi compungido em frente às câmaras. Sete mortos, porra.

O que dá asco não é o Brasil, são esses caras que tomaram o poder e não querem mais sair. Será que só sairão quando o país não agüentar mais e mandá-los para longe? E é ainda mais triste ver os animadores de auditório, apresentadores, pedindo calma e fé à torcida corintiana, que é tão fiel, coitada. Se ilude com esses monstrengos fazendo estrago. E se a massa reagir? Não pelo futebol ou pelo rebaixamento, mas pela evidência de que estão enganando o tempo todo?

Aí vão querer “coibir”, o verbo imbecil usado depois que tudo foi por água abaixo. Vão coibir o cacete.

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