1 de junho de 2008

O NOME DO BRASIL É “PLANETA”


Substituir nações que não podem se defender (sem a bomba nuclear) pelo nome genérico de Planeta é o expediente maroto das potências que derrubaram suas matas, envenenaram seus rios e poluíram seu ar e agora chegam cheios de moral para cima de nós, que ainda temos a selva. O álibi dos meliantes é o saneamento em alguns pontos, como o rio Tamisa, em Londres, ou as paisagens limpas da Alemanha Ocidental. Mas vai ver o Mediterrâneo: é uma cloaca industrial só.

De suas paisagens naturais eles não abrem mão. Vamos, por exemplo, chamar de Planeta as Cataratas do Niágara, ou o Grand Canyon ou mesmo o deserto de Sonora. Não isso não. Tudo isso faz parte das nações deles. Engraçado, ninguém chama a Coréia do Norte de Planeta. Nem a Rússia. Nem os Estados Unidos. A França é a França, idem a Inglaterra. Não são "Planeta". Eles tem a bomba.

Vamos fazer uma Ong com o nome de Bosque de Viena Para Todos, ou Salvem para Nós os Grandes Lagos Canadenses. Aí invadimos com nossos bons propósitos, pressionamos os governos locais para criarem reservas de piolhos dos pingüins e definimos uma área do tamanho da Austrália para imperarmos sem piedade. Vamos ver se eles gostam.

Depois de décadas sendo conivente com a entrega da soberania, a mídia resolve dar um alerta, ou um Basta, como costumam dizer. Tarde piaram. Os caras já se instalaram. Batizaram de Planeta e invadiram. E vão invadir mais. Compraram latifúndios de selva, vão poder explorar o subsolo e tudo o mais. Porque somos cruéis e ferozes e não merecemos aquela biodiversidade. Cretinos. A selva continua lá por quê? Porque o Brasil não fez como os americanos, que destruíram tudo e ainda posaram para as fotos em cima dos troncos mortos.

Sinto calafrios com o Al Gore. Ele convenceu a opinião pública mundial de que eles, os primeiromundistas, são responsáveis pelo que vai acontecer em nosso território (conhecido como Planeta). Precisamos salvar as bolas das corujas, dizem, convictos. Claro que ouro, ferro, água, terra, árvores, manganês, diamantes, ametistas, petróleo e tudo o mais que existe de sobra em nossa pátria não contam. Eles estão interessados mesmo é no rabo das emas. É de doer.

E não tem que fazer parceria nenhuma com gringo nenhum, viu Carlos Minc? Tem que expulsar os caras de nossas terras. Não deixar que façam como no Texas, que foi tungado dos mexicanos. Não somos cucarachos, que repartiram até o infinito os territórios até virarem esse conjunto de paisecos pobres. Somos o Brasil, potência mundial desde sempre. Os projetos precisam beneficiar a população e a nação. E não deixar que eles levem tudo com seus discursos apocalípticos.

Não pode permitir que desmatem, ainda mais para plantar soja ou criar gado. Não pode deixar índio armado de facão dando ordens diante das autoridades. Os índios, como todos os habitantes do país, precisam se submeter às leis. Não podem desmatar, estuprar, retalhar com facão ou meter uma lança ou flecha nos outros, só porque isso faz parte da cultura deles. Não pode inundar a selva sem mais aquela, mas também não pode deixar medrar a indústria das vítimas das barragens. É preciso políticas públicas sintonizadas com os interesses da nação e com o desenvolvimento da população.

Para isso temos que deixar de ser Planeta e voltar a ser Brasil. Tem uma bandeira fincada no meio do mata. No mínimo, deve servir para enfiarmos a dita em quem vier do estrangeiro tentar tomar conta de tudo. É como se dizia em Uruguaiana antigamente: “No cu, papagaio!” Agora eu entendo o que isso quer dizer.

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