11 de janeiro de 2009

PARA ISSO FIZERAM 1964


Alguns militares hoje denunciam a invasão da Amazônia que, segundo material que reproduzo a seguir, se intensificou a partir do alarde que o Brasil fez por ter descoberto a jazida do pré-sal. Enquanto os americanos moitam sobre suas enormes reservas no Golfo do México, que seriam dez vezes maior do que a pré-sal, nós, como bobalhões internacionais, saímos a nos exibir pelo mundo pirata a chamar a atenção, só para sermos chamados de “players” (vou traduzir essa palavra: significa abostados; toda vez que você ler player, leia abostado). E enquanto nosso atores rebolam o busanfan testosteronizado em frente às câmaras, para deleite das grávidas precoces, os caras já estão bem instalados aqui dentro, mandando no território e, claro, muito bem armados. Entram por trás, pelos fundos, que está desguarnecido.

Por que havia respeito antigamente uns pelos outros? Porque todos andavam armados. Você não podia dizer coisas para ninguém, nem chamar alguém para conversar na salinha impunemente. O cara te dava um tiro, simples assim. Então as pessoas se respeitavam e se cumprimentavam solenemente. Se fizessem alguma gracinha um bom petardo de chumbo calibre 12 iria arrebentar com as fuças do malandro. Como temos Forças Armadas reconhecidamente sem condições de defender o patrimônio que acumulamos em séculos de luta, então os caras chegam mais e invadem, porque para isso foi feito 1964.

E as Forças Armadas não venham colocar a culpa na democratização, pois democratização não houve. Coloquem a culpa no golpe civil de 1964 e no serviço sujo que as FFAA fizeram na longa ditadura, até serem apeados do poder pelos seus ex-aliados (Sarney, Delfim et caterva, que até hoje estão mandando). A farda, que é composta por homens de palavra, pois não interferiram mais na política, agora está às voltas com o tal capitanismo, uma contrafação do tenentismo. O capitanismo parece ser, à primeira vista (a ser confirmado) o resultado da nova pregação nos quartéis. Querem que o Exército fique adequado à tal democratização, à carta de 1988.

Enquanto o plano estratégico de remodelação das FFAA fica na mão de coisas como Nelson Jobim e Mangabeira Unger, continuam atuantes as forças que sentem vontade de restaurar o poder dos militares e agora os que querem colocar a farda nas campanhas eleitorais. O tornassol dessa química é a soberania.

É muito simples: não haverá democracia sem que o trabalhismo autêntico assuma o poder pelo menos em um mandato. Não esse trabalhismo que está aí, lambendo as botas do atual governo. E não haverá soberania sem democracia de verdade. A jazida de pré-sal não atrai a gula internacional pelo petróleo que tem, mas pelo que o Brasil pode fazer dele. O objetivo é impedir que o Brasil seja uma nação. É por isso que colocam os brasileiros rebolando o busanfan na favela em frente às câmaras e a “cultura” virou um show bizz de nulidades boquirrotas. Quando que um escritor deu entrevista para a televisão? Nunca ! Não entrevistam, não fazem reportagens. Você viu algum Globo Repórter sobre os escritores brasileiros? Não!

Agora, vamos a alguns trechos do material, distribuído pelo Instituto João Goulart, reproduzido originalmente num blog e enviado para mim por e-mail pelo Marlon Assef. Lembrando: a reativada IV Frota americana é a mesma da Operação Brother Sam, a que garantiu o golpe de 1964.

"ENTREVISTA AO JORNAL O DIA DO GENERAL DURVAL NERY,
COORDENADOR DE ESTUDOS E PESQUISAS DO
CEBRES (CENTRO BRASILEIRO DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS).

MERCENÁRIOS DA BLACKWATER JÁ OPERAM NO BRASIL
Sábado, 16 de Agosto de 2008

O General-de-Brigada Durval Antunes de Andrade Nery, Coordenador de Estudos e Pesquisas do Cebres (Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos), denuncia em entrevista publicada no O Dia, que a recriação da IV Frota da Marinha dos EUA tem como objetivo uma futura intervenção militar nas jazidas de petróleo de pré-sal, recém descobertas pela Petrobrás no litoral brasileiro.

Além disso, o General relata a existência de mercenários da Blackwater em plataformas de petróleo administradas pela Halliburton e pertencentes à família Bush situadas na plataforma continental brasileira, devidamente licitadas pela ANP. A relação entre a Halliburton e a Blackwater é bem conhecida no mundo e seu histórico de ilegalidades e arbitrariedades está bem documentado no Google. Dick Cheney, atual Vice-Presidente dos EUA, era o Presidente da Halliburton antes de assumir a vice-presidência. A Halliburton possui escritórios no Rio de Janeiro e Macaé (RJ) e em Salvador (BA).

Segundo o relato de um Coronel de Exército Comandante de Batalhão na Amazônia, mercenários também já ocupam reservas indígenas contando com bases fluviais bem equipadas e fortemente armados, onde militares brasileiros só podem entrar com autorização judicial. Conforme já prevíamos no artigo anterior sobre a Blackwater, o futuro já chegou: mercenários já ocupam bases na Amazônia brasileira!!”

Transcrevemos, a seguir, a matéria publicada no O Dia (bem escondida, por sinal).

ESSA IV FROTA É AMIGA?

Coordenador do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos, general vê com preocupação a reativação da esquadra dos EUA encarregada de proteger o comércio nos mares do sul e critica a presença de "mercenários" em plataformas do nosso litoral

Rio - Para a maioria dos militares brasileiros, não há como desassociar a recriação da IV Frota dos Estados Unidos da descoberta de imensa jazida de petróleo no nosso litoral. Entre esses militares, está o general de brigada da reserva Durval Antunes de Andrade Nery, coordenador de estudos e pesquisas do Cebres (Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos), que reúne entre seus pesquisadores diplomados pela Escola Superior de Guerra. Abaixo os principais trechos da conversa dele com O DIA.

"A decisão dos Estados Unidos de recriar a IV Frota foi apresentada como destinada a proteger o livre fluxo do comércio nos mares da região. Ora, se alguém tem condições de proteger, tem condições de impedir esse fluxo comercial. Pergunto: Por que proteger o comércio de uma área que não vive situação de guerra? E isso quando o Brasil dá notícia da extensão das jazidas do pré-sal como uma das maiores de todo o mundo".

Grupo Halliburton dos EUA: Esta empresa está envolvida com o apoio logístico em todo o mundo no que diz respeito ao petróleo, principalmente no Iraque. A Halliburton é uma empresa que hoje, no Brasil, mantém um de seus (ex-) diretores como diretor da ANP (Nelson Narciso Filho, indicado pelo presidente Lula e aprovado em sabatina no Senado). Esse homem tem acesso a dados secretos das jazidas de petróleo no Brasil".
Bush e o pré-sal.

Logo depois que o mundo tomou conhecimento da existência das reservas do pré-sal, o presidente (George W.) Bush disse na imprensa: 'Não reconheço a soberania brasileira sobre as 200 milhas'. O pré-sal ultrapassa as 200 milhas. Tudo que existe ali para exploração econômica é do País, isso segundo a ONU. Por que o presidente norte-americano recria a IV Frota logo após não reconhecer nossa soberania?"

Poderíamos imaginar que a IV Frota vai ter missão humanitária, mesmo custando uma fortuna manter porta-aviões nucleares com 50, 60 e 100 aviões navegando permanentemente nos mares do sul. Mas, por que nomear para o comando o contra-almirante Joseph Kernan, especializado em táticas de guerra submersa e no treinamento de homens-rãs? Um homem que com seus sabotadores deu um banho nas guerras do Afeganistão e do Iraque está à frente da IV Frota para proteger?"

"(Após a eleição de Bush), a Hallibourton, contratada pelo governo dos EUA para planejar a redução das despesas do país com as Forças Armadas, criou uma empresa chamada Blackwater — firma de mercenários, com contrato de seis bilhões de dólares e que, só no Iraque, tem 128 mil homens. Eles fazem segurança e matam. Pergunto: Quem está fazendo a segurança das 15 plataformas que a família Bush tem no Brasil, todas vendidas (em licitação) pela ANP? Ainda faço um desafio: vamos pegar um barco e tentar subir numa plataforma. Garanto que vamos encontrar os homens da Hallibourton armados até os dentes e que não vão deixar a gente subir".

“Temos (no pré-sal), talvez, a maior jazida de petróleo do mundo. Será que países desenvolvidos vão se aquietar sabendo que o futuro deles depende do petróleo? Os Estados Unidos tem petróleo só para os próximos cinco anos. Tanto é que o país não consome o dele, porque suas reservas são baixas. Passa a pegar o que existe no mundo. Foi assim no Irã, em 1953, quando derrubaram o (primeiro-ministro Mohamed) Mossadegh. Os aiatolás pegaram de volta e agora querem outra vez atacar o Irã. No Afeganistão, deu no que deu. No Iraque, tomaram o petróleo de lá. Agora vem o petróleo do Mar Cáspio e a Georgia (em guerra com a Rússia por território onde passam gasodutos). E no Brasil, como será? Essa (IV) Frota é só amiga? Está aqui só para proteger?"

RETORNO - Imagem desta edição: Getúlio Vargas em Manaus, em 1940, foto pesquisada pelo grande trabalhista Eduardo de Lucca. A juventude estava de bandeira nacional na mão, bem no miolo da Amazônia. Isso incomodava demais. Era preciso acabar, desmoralizar, caluniar, debochar, destruir. Mas a imagem diz tudo: o Brasil Soberano apostava no futuro do seu próprio povo. "Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém." Profecia do grande estadista ainda a ser cumprida.

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