10 de setembro de 2010

RESGATE


Nei Duclós


Vieram enfim buscá-lo no inverno azul chumbo.
O barco como pássaro pousado no abismo
carregou seu último olhar. A praia não ouviu seu grito

O convés que o levou estava deserto.
Nem mesmo Caronte, o navegador sem retorno.
Mas foi acompanhado pelas sereias e os ventos de agosto

Quando aportou no continente, trazia sombras
de gaivotas no ombro. E um olhar de ametistas,
pérolas de um sonho morto

Já era tempo. O naufrágio dobrou a esquina da espera.
Mas estava firme depois de tanto exílio.
Sabia agora como recolher a linha do horizonte

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