6 de março de 2011

UM POUCO DE CIÊNCIA


Nei Duclós

A ciência é cheia de novidades e revelações. Sabe o chiado de rádio de onda curta, você que tem mais de cem anos? Pois é o barulho do big bang. O troço explodiu lá no pré-Gênesis e faz ainda barulho, que você capta se colocar uma antena direcional no arame preso no telhado. Depois de nos assombramos com os buracos negros, que devoram tudo, até mesmo a aurora boreal, se ela ficar dando muita sopa, veio a incrível história dos buracos brancos, que parecem vomitar o que engolem. É uma espécie de anorexia cósmica. Mas, como dizem os formadores de opinião, as coisas não param por aí.

Sabe o sistema solar, esse que tem um Planeta X oculto e que expulsou Plutão para a periferia depois de decretar que ele não é nem traque de asteróide? Pois esse troço de ter um sol que ostenta astros frios girando ao redor é idêntico ao do átomo, só que o próton assume o papel principal e os elétrons o dos coadjuvantes. Mas descobriram montes de planetas fora da ordem, ou seja, sem nenhuma estrela para girar em volta. Vai ver a gravidade não existe, é lorota, é uma lei que não pegou. Os caras giram sobre si e ao redor dos outros porque assim lhes dá na telha e a qualquer hora poderão pegar seu boné para Andrômeda, que parece ser o destino de todo mundo, espécie de Florianópolis no verão.

Vão ter que arranjar outra explicação para a eletricidade. Até agora acharam que os elétrons fugidos do sistema, livres da atração dos prótons, formavam uma corrente para dar choque em todo mundo e, quando necessário, gerarem apagão pela ausência. Para onde vão os elétrons quando falta luz? Param de existir? Se acumulam nos postes? Vão dar um passeio nos raios para fazer ginástica de zigue zague? Sabe-se lá. Talvez os elétrons nunca escapem do rodeio do núcleo e a eletricidade seja uma espécie de má digestão de alguma estrela distante que solta seus gases pelo éter e o troço vem parar aqui em várias pousadas. Como são muito quentes e precisam de uma fresca, gostam muito de se hospedar em hidrelétricas. As usinas nucleares não são as favoritas, já que aí tem que passar protetor.

Só sei que a ciência está nos devendo explicações. Os vulcões cospem fogo quando querem, os terremotos fazem e acontecem quando menos se espera, um tsunami surge do nada e nunca mais aparece, os tufões carregam crianças chinesas no colo e as depositam em cima das árvores, Ovnis são filmados a três por quatro, sobram comprovações da existência de duendes, o teletransporte e a viagem no tempo estão cada vez mais próximos e nada de uma teoria englobante, mais quântica do que relativista, tão sólida quanto o universo newtoniano.

Ficamos à mercê do you tube, do facebook, do twitter e boiamos em todos os assuntos, desconfiando que esses geninhos que estudam física e são contratados já no ventre da mãe porque batem na barriga em código Morse que serão técnicos em petróleo ou informática, não sabem mesmo é nada e só repetem o já sabido para impressionar o Steve Jobs , fazendo atualizações permanentes de alguns princípios básicos, como o sistema binário ou a álgebra euclidiana.

Não é má vontade. É tentativa e erro. Quem sabe aplicando a velha expressão do meu pai “que vai sê, guri!” os cientistas se toquem e partam para algo mais consistente. E não me venham de placas tectônicas ou Estreito de Bhering. Isso já deu pra bola.


RETORNO - Imagem desta edição: tirei daqui.

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