5 de novembro de 2011

TREMOR


Nei Duclós

É tremor o que sentes, e não é da palavra
nem vem essa barra do soneto que teço
Um poema é apenas parte do alvoroço
que cultivas no ermo entre flores e ervas

Por que molhas então os pés nesta praia
se manténs tua glória longe dos raios?
Nenhum verso atinge a essência do vórtice
sem que consintas o esplendor de tua arte

E ela vem só de ti, minha porta estandarte
de tuas pernas tão lisas como piso de mármore
e as costas que surfam num mar de milagres

Vem do teu ser, não da estrela covarde
que me inspira perdido em busca da sorte
Sou apenas um rei que escolheu ser teu servo


RETORNO - Imagem desta edição: Pandora, de William Bouguereau

Nenhum comentário:

Postar um comentário