3 de janeiro de 2012

SEMENTE


Nei Duclós

Semente de sol e mel no fundo íntimo do lago que se despetala no toque do sentimento e se espalha pelas águas internas como vazamento trêmulo

Agora vamos falar do que interessa: tua braveza aparente e logo em seguida teu manso enrodilhar na minha fala. Que momento de glória

Existe consistência de fada na tua palavra. Não que seja etérea, mas por ser amor feito presença física, como um beijo que arranca lágrima

Levei tanto tempo para ficar próximo que agora tenho medo de me mexer

Tuas frases arranham sem machucar, riscam um desenho como enfeite de bolo,mas é pura alegria transformando o que nasceu para ser choro

É tão fácil perder o rumo. Basta esquecer por um segundo como és. Isso desperta teu salto como sereia cumprimentando Netuno

Você é de graça,mas vale cada centavo, disse ela comendo meu marshmallow

Não faça graça agora, disse ela olhando o amarelo do sol pipocando no azul cerúleo da onda. O mar está querendo nos dizer alguma coisa

Capriche no abraço, ela disse. Preciso disso quando não estou vendo direito o amor em trânsito

Não te falo diretamente porque podes não concordar. Então escolho a parábola, a linguagem em curvas, como os rios mansos

Os claros na tua auto-estima não serão preenchidos por ninguém. Assim como o estrago provocado pelos excessos não será perdoado

Me decidi quando caí sem querer na forma que gerou teu rosto em oferta suprema. Não me arrependi. Bebo sem me saciar do que verte em ti

Ainda estou vivo porque imagino voltar a ti

Sou maior, mas meu coração cabe em tua mão pequena

Ainda é cedo, dizem todos. Mas minha fantasia é ciumenta


RETORNO – Imagem desta edição: John William, 1902

Nenhum comentário:

Postar um comentário