19 de março de 2012

PORTO


Nei Duclós

Dancei a lembrança ao redor da valsa
até cansar o passo que não estudamos
sentado no meio fio desenho o lance
de trocar pela carne essa luz fantasma

Você errou, eu errei, talvez seja o destino
que tenha feito o amor se atrapalhar à toa
Sobramos na mão de Deus, anjos na esquina
são moleques a testar nosso pobre fôlego

Perdemos esta chance, apesar do esforço
não há mais melodia que resgate a barca
e seu convés de gala a convidar estrelas

Sangramos devagar vendo o velame
empurrar o vento para o impasse torto
mas um dia aporto onde fomos belos


RETORNO – Imagem desta edição: obra de Marie-Denise Villers.

Nenhum comentário:

Postar um comentário