15 de maio de 2012

DE CORPO PRESENTE




Nei Duclós

Teu corpo ficou intacto
O rosto restou sereno

Acompanhamos tua queda
O estrondo encerrou a cena

A paz que Sérgio alimenta
Está presa numa cela

Depois de tamanho crime
Será hediondo esquecê-lo

Todos perdemos altura
Diante do homem presente

A morte já se arrepende
De levá-lo para sempre

Não volta, mas ele vence
O mal que ninguém entende

Sérgio fica na memória
Como passe na fronteira

Não recuou um centímetro
Da sua missão excêntrica

De plantar uma floresta
No desumano deserto 

Sérgio cuidou da videira
Condenada a ficar seca

Cortou espinho de cacto
Tirou água da fogueira

Sérgio Vieira de Mello
Quem não recua, se lembra



RETORNO - Um dos 20 poemas do meu Canto Para Sérgio Vieira de Mello.