8 de julho de 2012

GÊNESIS


Nei Duclós

Somos criaturas que habitam materiais da terra,
que se dissolvem para a próxima passagem.
Eterna viagem espiritual em diversas densidades.

Somos rastros da luz que se transforma.
A morte tem pressa diante da permanência
A dor que provoca é o rompimento na obra

Nascer é passar por dimensões de alteridade
Vindos sem memória aprendemos a ser do nada
depois desandamos aos poucos de olhar exausto

Quatro estações nessa mesma história
o susto da aurora, o gozo na tarde, a noturna balada
o inverno sopra frutos quentes na primavera

Voltamos à origem sendo semente que se desdobra
vidas em cacho, pendurados em parreirais de glória
e o sumo generoso produzido por pés libertos

Fábula contada por um gigante à luz de tochas
somos personas que se dedicam ao prazer do sonho
Nada importa exceto a curva no teu perfeito encaixe


RETORNO – Imagem desta edição: Eva Mendes.