13 de novembro de 2012

BRUMA



Nei Duclós

O rio pertence ao seu leito
à água que perde em cada banho
ao peixe engolido nas vertentes
ao sol que some em seu remanso

O rio é o pecado no deserto
molha a virtude da paisagem nua
rega o jardim que estava condenado
e levanta a viagem para a chuva

Não é patrimônio da tua formosura
de olhar perdido para a água eterna
nem dedicação total dos teus estudos

Também não é meu, feito de cascalho
o rio é o sonho do antigo continente
que nos gerou em guerra e doce bruma



RETORNO - Imagem desta edição: foto de Marga Cendón.