24 de novembro de 2012

GUARDADOS



Nei Duclós

Me ensine a ser prudente. Não gastar tudo no primeiro aperto. Deixar um pouco para a eternidade.

Não perco nenhum verso. Ficam todos guardados em Vênus.

Protegi teu corpo dos insetos e te embrulhei em sedas diversas.

Não sabes o que fazer com teus excessos até que eu surja com dez mil mãos sedentas.

Pode espernear. Estás na armadilha. Só sai daqui perdida.

Já passa da noite alta. Não há mais chão para uma conversa. Só nos resta voar para o que interessa

És um espetáculo. Nervoso, perdi todos os ingressos e furei a lona par ver-te no trapézio

Foste a Paris mas deste falta do que eu poderia fazer naquela ponte.

Da próxima vez me inclua na bagagem. Prometo uma violenta dose de romance

Todas as estações são assédio. O frio congela o que deixas à mostra na primavera.

Voltamos ao banho de mar. Deite na areia os teus pecados.

 O amor é chato. Prefiro o beijo molhado, teu soutien jogado sobre o sapato.

Uiva o desejo, longe. Mas, pertinha, fazes cara de paisagem.

Cole sua pele de Lua no grude do meu espanto. Inaugure a noite. Jogue na cara o cabelo.

Olhei para a Lua. Crescente. Estavas nua, tremendo.

Me queres? ele perguntou. Desisto, ela comentou. Me queres, ele respondeu.


RETORNO – Imagem desta edição: Winona Ryder.