20 de janeiro de 2013

MANHÃS DE INCÊNDIO



Nei Duclós

Manhãs de incêndio, quando te arrependes. Sinal que é forte o vento.

O corpo que tens é o que eu desejo, formatado pelo sonhar do beijo.

Imaginar, para viver. Sem ruído nem feridas. Imaginar, para o suave voo da manhã.

É bonito quando me queres. Qualquer toque gera a maravilha.

Imagino teu rosto que respira perto. A noite é confidente.

Teu perfil não importa e sim o gesto que aperta.

Estás em mim e eu em ti, mesmo sem motivo. O ser acha um pouso no universo em conflito

Estás de passagem, mas não teu sentimento, que deitou raízes.

O sonho cerca o sono para achar uma porta. Por ela entras, fantasia.

Resolvi escrever cada passo feito. O papel ficou cheio de garranchos. A vida não capricha na caligrafia, a não ser que a poesia venha em socorro.

Joguei na noite alguns diamantes. Depois recolhi no céu de veludo e fiz um embrulho para presente.

A Crescente aderna de luz para algo fora do horizonte. Carrega nas costas a sombra do seu segredo.

Tenho só metade de Lua. Serve?

Me deixaste só, com a poesia. Pode ficar com os versos, disse ela. Já sei de cór.

És íntima comigo diante de todos. Na hora que te levo para um canto me tratas formalmente. Me confundes, de propósito.

Gosto quando é só você na foto. Há lugar para mim, fora de foco.


RETORNO – Imagem desta edição: Kirsten Dunst.