16 de junho de 2013

NUBLADA



Nei Duclós

Olhei para o céu, não tinha Lua. Estavas no escuro, nublada de esquecimento.

Sinto você todos os dias. E ainda me perguntam se estamos juntos.

És amor, e é tudo o que importa. Palavras que o coração gerou à solta.

Não acertei o verso, mas atingi o alvo. Gostaste do meu esforço.

Domingo amanhece com o sol no bolso carregada de nuvem. Lá tem um bilhete para o próximo encontro.

Não tente limitar o meu querer. Sou o mar que se precipita, flor.

Meia noite. Perca-se comigo.

Você viaja e me faz falta com barreira.

Meu coração secou novamente. Te devolvo as sementes do jardim que sonhamos.

Visito o amor transformado em miragem. Quando chego perto, se esfuma

Tente outro amor para eu rir um pouco. Não consegues, nem eu.

Pensei em ti quando me esqueceste.

Guardo amor para mais tarde. Quando houver praças e um outono de aves.

E adianta te chamar? Sempre fora do circuito. Por isso cultivo frutas adventícias, que custam a pegar no clima hostil. Para me acostumar ao teu desânimo.

A gula de viver. Acorde-me, pássara.

A Lua Nova me disse. Mas não conto.

Insisto na mesma flor do ano passado, a que rejeitaste. Eu a recolhi e pus no jarro. Ela resistiu, mas anda meio ressabiada.

És muito simples, disse ela. Por necessidade, complicada, disse ele.

Amor cansa. Por isso relaxamos no sofá do abandono.


RETORNO -  Imagem desta edição: Cyd Charisse.