21 de agosto de 2013

DE OLHO NO HORIZONTE



Nei Duclós

Te contei tudo, mas escondi o principal.  Não adivinhas, nem que eu te diga.  Ser explícito é meu jeito de ficar invisível.

Abandonaste o posto. Ficou um vento zonzo. Espalha algumas folhas, depois se deita. De olho no horizonte. Quem sabe aponta um navio contigo dentro.

Não combinamos. O amor não vem acompanhado.

Não faço questão dessa sabedoria. A que aprendi te perdendo.

Quanto medo de amar-te. A felicidade me assusta, cetro de diamantes

Não sei mais o que é dor, o que é esperança. Talvez esquecer seja só o começo.

Saudade é recaída. Caminho cíclico do amor sem volta.

Só queria você. Mas veio o destino.

Abuso da beleza. Ainda morro disso.

Você deveria ser menos bonita. Assim doeria menos se por acaso sumisse.

Vou dar parte desse vazio que se apossou de mim. Irão te prender por desacato à poesia. Te soltarei sob fiança do amor infinito.

Jogo limpo, jogo pesado. É domingo e estou ao teu lado.

Colhi versos que amadureceram no mato. Voltei cheio de espinhos. Mas teu rosto se iluminou como se fosses o verão longínquo.

Sedução é quando rompes o casulo.  Tua imagem se parte e ficas na chuva.  Um olhar então te abriga.


RETORNO - Imagem desta edição: obra de Michael Zeno Diemerv.