8 de novembro de 2013

FLOR DE PESSOA

Nei Duclós
 
Flor de pessoa. Colho-te sem te arrancar da planta.

O tempo não será mais medido para que possamos provar da eternidade.

Amor é quando te surpreendem com uma doçura vinda do nada, rasgo no casulo da indiferença.

No beijo, falamos a mesma língua.

Sempre te vejo. Moras na paisagem dos meus olhos, coração de outras terras.

A noite te beija, por minha encomenda.

Vou embora amanhã, disse ele. Vou junto ontem, disse ela.

Passei perto de ti. Sou onde estavas.

Hoje é domingo, é bom que se diga. Te atinjo olhando por cima do clima. Sintonia fina, flor da costura.

Violência é quando o abraço perde o sentido.

Coloquei teu número no jogo da sorte. Saiu um prêmio, o passeio contigo tomando sorvete.

Erras na ortografia para me jogar água fria. Mas não me impressionaste. Sei que és mestra do disfarce.

Fomos para o rio, mergulho consentido. Voltamos diferentes à superfície. Já não era amizade, era outra vida.

Queres versos, mas não tenho. Só este sentimento alheio, nascido em outra primavera.