11 de dezembro de 2013

SOLITO



Nei Duclós

Solito
paro na sombra
figura que o sol desenha
na verde tela do pampa

O cavalo pensa
sob a guarda do chapéu e poncho
Qual o rumo, antes que o céu
se ponha?

Já não lembro
o destino que me trouxe
De orelha em pé, farejo
o passo ainda no enrosco

Solito
quem me escuita, me compreende?
perdido, a mão remoendo
a oculta adaga no punho

Houve uma guerra, distante
vim atrás dos combatentes
chimarrão que chega cedo
num galpão, feito de vento

Talvez seja aqui o encontro
a roda guapa silente
laço que laça estrela
terra de um continente

Solito
talvez nem tanto
Houve uma vez certo povo
bravura de dia pleno

Mulher com a cartucheira
que me jogou da soleira
Se mande, me disse ela
aqui assumo o comando

Agora sim me recordo
vim na pista dos valentes
homens na ponta dos cascos
mulheres feitas no front

E o coração, nosso estribo
que assinou a paz no mundo
O campo como um espelho
da infinita proeza