21 de fevereiro de 2014

A SOLIDÃO DO VERSO



Nei Duclós

Escrevi só para acompanhar tua imagem. Assim encontro companhia para a solidão do verso.

Te exilas em neves remotas, enquanto compartilha o calor da tua lembrança.

Me declaro porque me perco. Assim te achas, soberba.

Flor tens em guarda. Não aparece a não ser quando vais embora.

Quantas bandeiras compõem um aceno?

Não se recolha, roçar de rendas. Aposte na minha insônia.

Estou piorando. Mas você está cada vez melhor.

Malvada. Levantaste a cortina por puro ciúme. Mas há algo maior sobre as águas.

Teu bom dia é esse olhar metido, de quem derruba falsos sorrisos e me amarra em definitivo. Porção generosa de uma verdade funda.

Fuja para a viagem. Sou o passageiro que embarca na estrada. Sento ao teu lado, explosão que te toca.

Não haverá piedade diante do corpo que se debate. A doçura faz parte da vazão das comportas. Chore porque tudo pega fogo no verão que se despede. Assim poderás apagar o sol, mas não essa vontade.

Te mergulho na tarde com a palavra que aperta. Trema, que será forte

Bela diante do lago, és a sintonia de uma doçura que abre um claro no corpo endurecido.

Fica, sereia que me visita. Fica, ombros de brilho.

Não pergunte o que é o amor. O amor é uma resposta.

Não entendo teu comportamento invasivo. Só porque te dei um beijo no escuro.

Falei o óbvio, só para manter a conversa. Perguntaste por que e tudo então desandou. Desequilibras, por puro hábito.


RETORNO -  Imagem desta edição: foto enviada por Eliane Fogel.