28 de novembro de 2014

MANTO



Nei Duclós

Tudo ganhei da viagem, peregrina
Estes ossos, que sustentam a argila
Esta areia, que me mantém suspenso
Esta roupa, que reinventa o pouso

Tudo gastei na andança, prometida
Esta aliança, que extraí da Lua
esta força, vento sobre as dunas
este sopro, víbora na colheita

Tudo compus sem esboço, confidente
Este rosto, que ofereço límpido
esta boca, que adivinhou teu corpo
esta folha, com vocação de espinho

Tudo contém o máximo, esperança
Este dia, coração sem fôlego
esta noite, estrelas sem retorno
este preço, que pago com a vida



Nenhum comentário:

Postar um comentário