7 de dezembro de 2014

ONDE NÃO ME ENCONTRO



Nei Duclós

Quando eu me for, sentirei saudade. Deste lugar, que inventamos de manhã, depois de longa madrugada.

Fui correndo ver quem era. Era tu, chegando onde não me encontro

- Quem disse que estou nua? disse ela ao telefone.
- Tua voz não se abotoa, disse ele, distante.

Tarde acenei para teu refúgio. Já estavas recolhida, flor que se fecha

Meia noite é igual a zero badaladas. Doze vezes sinos de um segredo. Teu veludo sob a seda, tua perna sem a meia.

Prefiro não lembrar. Quando lembro, coincide a lua cheia.

Desistimos do amor, mas só por um instante. O tempo que levaste para voltar da esquina.

Aguardas meu beijo, à espera da brisa que me traz teu perfume

É divertido adivinhar o que deveríamos viver. Parece real essa palavra que sangra.

Me manténs no cabresto, por ser cão de forçado delírio. Largue a corrente. É só fantasia.

Não sou melhor do que ninguém, disse o Profeta. Sou apenas o Escolhido.

Fui deixado para trás, no front.

- De onde vem tanta inspiração? perguntou a estudante.
- Vem da palavra, mecanismo de fôlego, disse o autor.

Rolas do nada para diante dos meus olhos
Depois sobes em direção ao sonho .
Nunca foste lua, vórtice sem nome
Criatura sem batismo, pitonisa de fogo
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário