12 de julho de 2015

CASTELOS DE AREIA



Nei Duclós


Esqueci de lembrar. Por isso não fui.

Desmanchei o que tinha construído. Como fazemos na areia com os castelos de mentira.

Corrompeu- se o que tínhamos de abrigo

Por que perdemos tempo? Melhor deixar passar o brilho do cometa.

No fim conseguiram. Quebraram o que sobreviveu do espanto.

Refazer a ponte. Como se fosse possível amarrar estrelas.

Disso somos feitos. De sombras que nenhuma linguagem alcança

Desta vez é para sempre. O amor perdeu toda a esperança.

O que sei não interessa. Melhor ignorar para não te perder

Amar cobra a conta. Por isso não nos endividamos.

Dizer diminui. Só o silêncio tem grandeza.

Defender-se ofende. Melhor acusar o golpe em silêncio.

Há vagas para uma ocupação: varredor de estrelas. Para deixar brilhando o piso noturno.

O país é deserto. Nos amontoamos por efeito colateral dos decretos.

A poesia nos abraça, a política nos afasta. O poema fica, o confronto passa.


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