2 de agosto de 2015

CLIMA DE CONVITES



Nei Duclós

Depois de um dia de calor
a noite geladinha
como freezer aberto para a lua

Um esboço de vento
quase uma carícia
As estrelas curtem
vibrando as pontas

É julho na despedida
no inverno atípico
Recomeço de vida
clima de convites

RECANTO

Sou meu recanto
Quintal que restou
da infância
Dou meu recado
Sons que arranquei
do tempo
Jogo pesado
Poder de viver
atento

TENHO

Tenho sempre o que falta
Sonho de bonança
Mesa recém posta
Provo antes da festa
Cruzo um continente
Trago o mar nas costas

CAULE

Poesia é atalho
Peso de caule
Flor no galho
Canto depois
de pousar
No lugar mais alto

PROJETO

Toda pessoa tem um projeto de grandeza,
de transcendência, de ser maior do que si mesma.

Essa criatura que se projeta é a que me interessa.
Esse estar acima da aparência,
a aposta em algo que parece intangível,
mas é mais real do que qualquer decepção.

Muito além da autoestima: é uma sintonia
com o melhor de nós mesmos,
lá onde cultivamos o sonho e a densidade
de futuros próximos, que tocamos
com nossa consciência e nossa lágrima.

No fundo, é poesia.
Mas não conte para ninguém.

SINAIS DE FUMAÇA

Não converse comigo por sinais de fumaça.
Ainda temos as palavras.
Elas doem, mas também voam
e não somem no ar.
Permanecem, claras, como gaivotas, eternas.




2 comentários:

  1. um foi pro meu blog.
    outros dois estão em stand bye....

    thanks por seus textos!
    iluminam meu coração!

    bj

    simone gallego

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