11 de março de 2016

PEREGRINO



Nei Duclós 

Em todas as nações projeto um novo tempo
flor da anunciação, a palavra é meu sustento
falo com os pássaros nas condições do vento
vejo mais na frente, como gávea no deserto

Nas aldeias sem acesso, profeta me apresento
mostro o que não há, sinais de uma tormenta
sou celebrado pela mansidão de estranhos
mestre do que aprendo, voz sobre o silêncio

Não guio rebanhos, nem trono me conforta
uso sandálias que se esgarçam nos comboios
mendigo água pois dispenso qualquer cântaro
sou o louco tolerado por tribos em confronto

Sabem que é segredo a rebelião dos deuses
alguém muito pobre; que segue mandamento
pode ser a mudança, vanguarda de um exército
quem adivinha os sortilégios do horizonte?



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