23 de maio de 2016

DESTERRÓPOLIS



Nei Duclós 

A cidade é mais mar
do que terra
O que lhe falta de solo
compensa em montanha

O resto é pesca e banho
praias que o ar impregna
de sal e cheiro das fontes
ocultas de água doce

Roubaram do mar
porções sem tamanho
para alargar o estreito
território urbano

Assim as gaivotas
perderam o rumo
Não moram mais nos muros
do centro histórico

Há também os fortes
espalhados em ilhas
que são a companhia
de canhões na ferrugem

A cidade é mais memória
do que nuvem. Há uma física
líquida no tempo bruto
nossa passagem sem vínculos

Aqui vivemos o desterro
no início de um século
Somos ainda o fôlego
em ruas que o mar engole



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