29 de agosto de 2016

O CARA QUE INCENDIOU O CINEMA



Nei Duclós

Essa bateu. Agosto fazendo hora extra. Foi-se Gene Wilder, que a imprensa inteira está focando mais como o ator do filme A Fantástica Fábrica de Chocolate ou O Jovem Frankestein, quando meus favoritos são Selas em Chamas ( Blazing Saddles ou Banzé no Oeste) e Primavera para Hitler, ambos de Mel Brooks.

O faroeste me interessa mais por ser pura metalinguagem. No final do filme a troupe do filme invade um musical, já que está ambos estão sendo feitos em estúdio, como mostra a bagunça do desfecho, em que os personagens acabam assistindo próprio filme. Gene some na estrada junto com seu comparsa (interpretado por Cleavon Little, magnífico) ao descer do cavalo e entrar numa limousine. Gene desdramatizava o tempo todo, descrevia seu personagem, como definiu Brecht em seu teatro revolucionário.

Era completamente insano e brilhante. Um ator cool, cerebral, um comediante de vanguarda que não teve seguidores. Vingaram os careteiros e baixarias, tipo Jim Carrey e Adam Sandler, enquanto Gene ficou como um exemplar clássico do cinema quando pegou fogo ao se insurgir contra as baboseiras de Hollywood.

Hilário, devastador. Fará falta, dizem. Há décadas que faz falta.


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