7 de setembro de 2016

JACK O MARUJO SEMPRE VOLTA



Nei Duclós

- Melhor não exagerar, disse a Sereia. Pode dar na vista.
- O amor anuncia, mesmo que se esconda, disse Jack o Marujo.

- Num naufrágio há espaço para as canções do mar, capitão?
- O melhor hino é quando os marinheiros sabem que chegou a hora, disse Jack o Marujo

- Quem navega o mar?
- O som da palavra, que o vento sopra em direção às ilhas desertas, disse Jack o Marujo.

- Que aconteceu com as grandes personalidades, não existem mais?
- Existem, disse Jack o Marujo. Os historiadores é que mudaram de assunto

- O senhor acredita em amor à primeira vista, capitão?
- O amor é cego, disse Jack o Marujo. Quando tem um lampejo de visão se apaixona.

- Quem luta, ama, capitão? perguntou a repórter.
- Guardamos o amor para quando voltarmos da guerra, disse Jack o Marujo. Mas às vezes uma beldade estrangeira rompe o acordo.

- Este navio não tem biblioteca? perguntou a estudante.
- Leio o mar, que não publica, e nenhuma literatura decifra, disse Jack o Marujo.

- Quantos de você existem? E qual deles é você? disse a Sereia.
- Sou o pior de um batalhão de carabineiros, disse Jack o Marujo

- Levantar âncora, disse Jack o Marujo
- O sr. está estartando a viagem? perguntou o guri engomado.
- A viagem, sim, disse o capitão. Tu, estou deletando.


RETORNO - Imagem desta edição: obra de Salvador Dali.

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