13 de outubro de 2016

O SOL EM MURNAU E GEORGE STEVENS




Nei Duclós

Vi A place in the sun (Um lugar ao sol), de George Stevens (1951) e obviamente lembrei da cena da tentativa de assassinado no lago em Sunshine (Aurora), de Murnau (1927). Duas situações idênticas: por estar envolvido com outra mulher, o marido ou o amante leva a esposa ou noiva ao lago e tenta matá-la. Ambos os marmanjos se arrependem e no filme de Murnau há o final feliz,apesar do stress em toda a narrativa.

Já no filme de Stevens, Montgomery Clift, mesmo tendo desistido da ideia, acaba sendo condenado pela morte de Shelley Winters (ambos indicados ao Oscar). Foi um acidente, mas tudo conspirava contra ele pois de fato tinha armado a cilada, só que não conseguia consumar o gesto e as coisas se precipitaram. Na hora de o meliante desistir, o casal perdeu o equilíbrio e afundou na água.

Cinema é sempre sobre cinema. O crepúsculo inspirado na aurora. O sol no drama de consciência dos assassinos. O sol do amanhecer como testemunha que flagra o iminente homicídio que não se consuma. E o sol que se esconde para facilitar o assassinato que acaba acontecendo. No final do filme de Stevens, o sol bate no rosto do condenado à morte. Era esse o lugar ao sol que lhe cabia por ter querido ascender socialmente quando noivou com a garota rica (Liz Taylor, maravilhosa).

Cinema é sempre sobre cinema..Stevens bebe em Murnau. Dois gênios. Sem esquecer que o namoro entre Clift e Shelley acontece numa sala escura da sessão noturna.. .


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