7 de janeiro de 2017

SOB AS ORDENS DE NETUNO



Nei Duclós

Vivi no alto mar, agora estou na terra
no cais da minha infância onde herdei o espólio
Meus pais velam no canto remoto das lavandas
há quadros de cardumes, esquadras de um império
Cenários que navego nas rotas da memória

Escrevo na varanda histórias de outras eras
bravura de marujos, doçura de sereias
Gaivotas me visitam ao sabor da ventania
me falam das mudanças e do assombro
dos mistérios. Do amor recebo cartas

Navios soam apitos quando passam perto
mensagens de viagens, ecos do deserto
Sou o velho capitão sob as ordens de Netuno
Perguntam se estou pronto para novas aventuras
a Deus eu me recolho nos livros e na espuma

Um homem tem seu norte na conquista do eterno
domínio sobre as ondas, vozes do caderno
minha caneta compõe a dura trajetória
o braço que foi forte, o olhar que rompe a aurora
e o tempo aos meus pés como um cão que dorme


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