9 de junho de 2017

LIMPEZA



Nei Duclós

Limpei os poemas da estante
Guardei no sótão com alguns pertences
Uma pequena placa e outros badulaques
A menção honrosa por bom comportamento
Tinha também a foto de uniforme
de colegial sorrindo, atrás o mapa
E um catecismo de papel sépia

Melhor assim, o verbo impregnado
de momentos do inventário
deixa de soar como se fosse magico

Literatura não passa de trabalho
Cansa, como tudo, nada pesa mais do que palavra
Batemos o ponto da obra, como pandorgas
e voltamos bêbados para casa

Onde eu estava? no quintal sem futuro
A manobrar o tempo, escorraçando o verso
Junta poeira esse oficio bárbaro


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