22 de julho de 2017

INÍCIO DE VIAGEM



Nei Duclós

Ser muito pouco no turbilhão do mundo
Fagulha sem repercussão externa
Cultivo pobre em reduto e esquema
Vida impessoal que exaure o sonho

Quantos são assim, isolamento em massa
Sem sintonia da presença ou fala
Passar lotado no funil da época
Conformar-se, de rosto crispado

Isso decepciona o anjo da guarda
O que aposta tudo em seu protegido
Queria dar-lhe asas mas é proibido
Não que ele precise da transgressão das almas
Fica distraído sem lhe faltar o básico

Por isso há tanto anjo jogado às traças
Que precisa do apoio de quem o abandona
Por achar que é terminal o início de viagem

Fica difícil convencer a humanidade
que apesar do medo, o sofrimento e a morte
Temos uma porção da divindade
Viemos para ficar com a marca da passagem


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