13 de setembro de 2017

PLUTARCO, UM TESOURO NA BIBLIOTECA




Nei Duclós


Um dos tesouros da Biblioteca Miguel Lobato Duclos é a coleção completa das Vidas dos Homens Ilustres, de Plutarco, numa edição em português da Editora das Américas, de São Paulo, de 1963. Traduzida diretamente do francês, na clássica versão do abade Amyot, do século 16, o acervo do maior historiador filósofo da humanidade nos deslumbra pela alta intensidade de aprendizado e de prazer de ler. Essa união entre a leitura agradável e útil é um dos destaques do prefacio do grande tradutor, que ao oferecer o trabalho de toda uma vida para o rei da França, Henrique II, avisou que aprender grego ou latim é uma tarefa árdua e que os leitores teriam assim acesso à grandeza dos antigos na língua materna.

Amyot é considerado um dos pais da literatura francesa, o estudioso que ajudou a formatar a língua como a conhecemos. Sua tradução foi lida por séculos por autores, como Montaigne. O tradutor inglês, Sir Thomas North, baseou-se integralmente nele e é nessa versão, também considerada um dos pilares da literatura inglesa, que permitiu a Shakespeare escrever várias de suas peças, como Julio César, Antonio e Cleópatra etc. Plutarco não cuida apenas dos grandes feitos e das grandes personalidades, mas dos detalhes, da vida doméstica, dos erros e arrependimentos. Baseou-se em vasto acervo da época, disposto em inúmeros livros de historiadores e filósofos e também da tradição oral. Além de fundar sua narrativa também na iconografia de estátuas, túmulos, mausoléus, templos etc.

Li sobre Demóstenes e Cícero, Alexandre Magno e Julio César. Várias referências culturais a que estamos acostumados estão ali explicados na sua origem. O vim, vi venci e o atravessar o Rubicão de Cesar, o corte do nó górdio de Alexandre, entre outros. O prazer de ler e de aprender, graças ao meu filho, que cedo se foi desta vida brasileira, depois de só ter feito o bem e nos deixado seu acervo para que aprendêssemos um pouco, apenas uma pequena porção do vasto conhecimento que adquiriu em 37 anos de dedicação e estudo.

Sem a memória, diz Amyot, sem sabermos o que os antepassados fizeram, vamos entrar em colapso de ignorância e trevas, que é o que está acontecendo atualmente, onde as lições do passado servem para aparelhamentos ideológicos do presente, no rega bofe da corrupção e da miséria.. Miguel nos ilumina, nos trazendo obras fundamentais que ele pesquisou em inúmeras livrarias, sebos e bibliotecas. Ler com proveito e prazer, eis a solução para o vazio das nossas vidas.

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