24 de fevereiro de 2018

SEM SENTIDO



Nei Duclós

Não vou aborrecê-los com meu pesadelo
Ou distraí-los com minha fantasia
Tampouco fingir que temos futuro
Ou nos enganar à luz do realismo

O tempo é a verdadeira tirania
Repartido em postas de um peixe obscuro
A nos impor a ideia de um destino
A cruzar umbrais de rota envergadura

Somos a palavra que negou a carne
A que não habita as longas profecias
Escape de uma divindade espúria
Por não assumir o que a dor nos repetia

A de ser feliz, realizado ou submisso
O de ter vivido o que hoje é espuma

Somos a vontade no sufoco da ferrugem
Antes que a voz ecoe sem sentido


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